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ESCOLA E FAMÍLIA, ERROS E ACERTOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 16 de mai. de 2019
  • 6 min de leitura

Nada é mais importante do que o diálogo, não só entre família e escola, mas em todas as relações do dia a dia de qualquer pessoa. Dialogar implica em ouvir e falar, além do respeito ao que for dito pelo outro, mesmo que não se esteja de acordo. Para o processo de aprendizagem, o diálogo entre família e escola torna-se a relação mais importante durante o ano letivo. É fundamental que essa parceria exista e funcione.


Enquanto a escola e a família se enfrentarem em um cabo de guerra, a criança, principal envolvida em tudo isso, vai sofrer interferências diretas que a afetarão na aprendizagem, na formação do caráter, na aquisição das habilidades sociais e, principalmente, no seu desenvolvimento psicológico/emocional.


No dia a dia com meus alunos, tenho visto a grande dificuldade de relacionamento entre família e escola quando o assunto é inclusão. É um verdadeiro jogo de empurra empurra. A escola diz que a família precisa ter paciência, faz cobranças acerca da medicação, questiona se a criança está sendo corrigida em casa, entre tantos outros conflitos. Já a família quer saber o que a criança está fazendo, como estão sendo aplicadas as atividades, o que está comendo, se estão comendo seu lanche, se os colegas brincam com ela, se a monitora está mal humorada...


Enfim! E quem tem razão?


A resposta é que todos os dois lados tem razão. É direito da escola questionar a família e é direito da família esse acompanhamento. O que acontece hoje é o que chamamos de transferência de responsabilidade e falta de bom senso.


Qual o limite entre o papel da família e da escola no processo de formação pedagógica, social, cultural e humana na vida do indivíduo? Vamos construindo juntos esses limites baseados no respeito, bom senso e na comunicação assertiva, só assim poderemos alcançar êxodo naquilo que buscamos para a vida escolar dos pequenos.


Cada ator social tem seu papel na formação do indivíduo e não há como se eximir disso, mas esse papel precisa estar bem delimitado para que um não invada o espaço do outro. Quando a criança precisa de ajuda extracurricular, é papel da escola alertar a família. A família, ao receber essa demanda deve buscar compreender as causas dessas dificuldades e partir em busca por ajuda, essa é a relação saudável, um ajudando o outro para o alcance de um mesmo objetivo. Quando a escola leva essa demanda e a família, ao invés de acatar faz questionamentos tais como: Mas a professora está dando atenção para o meu filho? Em casa ele não é assim.


Tem alguma coisa errada na escola... Nesse momento a relação se estremece e é só ladeira abaixo.

Quando a família percebe um comportamento atípico, fora do padrão da criança e vai questionar a escola e a mesma se nega a ouvir ou a investigar se pode ser alguma coisa que está acontecendo ali, vemos também uma relação se abalar e muitas outras questões vão surgindo a partir daí.


Quando o terapeuta faz uma proposta de intervenção diferente da que tem sido feita pela escola e a mesma se nega a tentar, são os interesses individuais que estão sendo colocados a frente do que é o mais importante, o desenvolvimento da criança.


Quando os pais de negam a realizar as tarefas de casa alegando que o filho está cansado ou não dá conta daquele conteúdo, a relação fica impraticável.


Percebem que, para cada situação conflitante, o maior problema é a falta de diálogo e de bom senso? Além disso, o maior perdedor com tudo é o próprio aluno.


Estabelecer uma relação saudável é primordial para que tudo caminhe bem e de acordo com o esperado. Com base no dia a dia dos atendimentos e nas escutas dos pais e das escolas, posso aqui dar algumas sugestões para que essa comunicação melhore. Vamos lá!


· A criança está apresentando alguma dificuldade em casa e a escola ainda não pontuou com a família? Faça isso você mesmo. Marque uma reunião e converse sobre suas percepções. Talvez esse comportamento esteja ocorrendo somente em casa, onde a criança se sente mais segura e com mais liberdade para agir de determinadas formas.


· Os conteúdos das atividades de casa estão muito complexos e está difícil realizá-las? Coloque na agenda pontualmente qual a maior dificuldade na realização, se foi compreensão do proposto, se foram as imagens pouco nítidas ou as letras pequenas demais, ou a letra cursiva que ainda é um desafio. Assertivo e informe para a professora ,estabeleça uma linha de comunicação sobre o assunto. Um problema só pode ser resolvido quando as duas partes tem consciência dele.


· A maneira como a atividade foi apresentada não é a ideal para que a criança compreenda? Sugira, de maneira sutil, promovendo as mudanças necessárias (pode dividir a atividade, recortar e fazer por partes, acrescentar imagens para trazer o concreto, além de várias outras possibilidades) e mande para a escola. Quando a professora se deparar com essa atividade adaptada pela família, vai entender que a maneira de perceber e compreender da sua criança pode não ser igual a dos outros alunos e começar a pensar em maneiras mais adequadas para preparar atividades para ela.


· O lanche vai e volta da mesma forma, você sempre pergunta o motivo e nunca tem resposta? Não adianta ficar com raiva e não se comunicar com o principal envolvido. Vá até a escola, converse, questione, tire suas dúvidas. Muitas vezes as explicações são mais simples do que imaginamos, mas criamos monstros e eles assustam não somente a nós, mas as próprias crianças também.


· Não está satisfeito com o monitor que acompanha seu filho? Não procure por ele, peça uma reunião e exponha suas insatisfações para todos. Não permite que vire um burburinho e você perca a razão. Não brigue. Converse. Seja amiga da escola porque ela é sua parceira.


· Evite o confronto direto. Não ameace, não queira medir forças. Aquilo que é de direito do seu filho já está garantido por lei, você não precisa se desgastar e nem fazer dessa relação conflituosa para que a criança receba o lhe é de direito. Siga as vias legais, seja cordial e educado.


· Caso suas solicitações não sejam atendidas após um questionamento legítimo, busque as instâncias superiores, elas existem com a finalidade de fiscalização. Muitas coisas não são resolvidas porque os pais desconhecem essa informação. Todos são fiscalizados e prestam contas de duas ações. Cobre isso aonde deve ser feito, mas faça seguindo os tramites legais para não perder seu direito.


· A sala de AEE não está ajudando seu filho a evoluir ou não consegue intervir positivamente no dia a dia dele na escola? Procure a coordenação correspondente e exponha seu pensamento. É importante não guardar o que está pensando ou sentindo, afinal você é o maior interessado em ver seu filho se desenvolver e deve ser seu maior defensor. Não deixe passar, não deixe a vida te levar, faça algo, exija o que é necessário, mas faça isso da maneira adequada, conversando com as pessoas certas. Falar com outros pais, com os professores, com os monitores ou com um amigo, não vai resolver o problema, pelo contrário, vai aumentar em você o sentimento de raiva, angustia e medo e quando menos perceber vai estar tomado por eles e tomando atitudes extremas.

Essa relação é complexa, mas de extrema importância que seja discutida de forma clara. Tenho visto tantos conflitos velados entre família e escola que me assusto todos os dias e me surpreendo também com o que a falta de comunicação pode causar. Tenho pais que não suportam olhar na cara dos professores dos seus filhos. Tenho alunos que suas professoras acham seus pais insuportáveis e por isso não conseguem empatia pela criança. É triste!


É por isso, exatamente por isso que decidi escrever novamente sobre esse assunto que tanto me deixa aflita. Cada um tem seu papel no desenvolvimento do aluno, não só para a alfabetização, mas para tantas outras habilidades necessárias na vida de uma criança.


Os extremos são tolos e nos levam a lugar nenhum. Cada um no seu espaço, desempenhando seu papel com responsabilidade e as coisas vão fluir como devem.


Pensa diferente sobre o assunto? Fale com a gente.

Acesse nossa página no Instagram: @tatianeaei


Referências:

novaescola.org.br/conteudo/1595/o-essencial-mesmo

Acesso dia: 15/04/2019


imagem retirada da internet


Tatiane Teixeira Alves é Socióloga, formada pela Universidade Católica de Minas Gerais. Pós graduada em Psicopedagogia Clínica, Educação Inclusiva e comunicação Assistiva pela Universidade Cândido Mendes . Sócia fundadora da Assistiva – Acompanhamento Educacional especializado que oferece o apoio pedagógico para pessoas com necessidades educacionais específicas, sob a premissa de que “Se uma criança não consegue aprender da maneira que está sendo ensinada, é preciso mudar o método de ensino para que ela aprenda”.

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