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O LÚDICO E SUA SINGULARIDADE PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL.

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 21 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

O desenvolvimento social e intelectual da criança são etapas de fundamental importância no processo de educação infantil, pois é a partir daí que a criança começa a se constituir como indivíduo, através da socialização e objetivação do mundo de significados. De acordo com Oliveira (2000), durante esse processo, jogos e brincadeiras são muito importantes, pois contribuem para a construção do raciocínio lógico e para o sistema de significação simbólica. Segundo esse autor, o ato de brincar possibilita a criança se humanizar e dessa maneira ela aprende a conciliar a brincadeira com o seu dia a dia e dar sentido as suas ações. A partir das brincadeiras, as objetivações do mundo simbólico se tornam possíveis e a criança aprende a criar vínculos e a lidar com eles. A ludicidade na educação infantil possibilita uma melhor compreensão por parte da criança da linguagem ilustrativa e objetiva. Por meio do lúdico, a criança pode aprender como se expressar com mais clareza, aprender a ouvir, respeitar e discordar de opiniões adversas as suas, exercer a sua liderança, além de compartilhar a alegria ao brincar.


imagem retirada da internet

[...] o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e efetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor para ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo. (CARVALHO, 1992, p-28)

Toda criança tem o direito e o desejo por brincadeiras e trabalhar essa associação na escola é uma ferramenta fundamental na formação humana, escolar e social de cada aluno. O brincar explora o mundo exterior de maneira lúdica e educativa, dependendo da brincadeira que é proposta. A relevância de trabalhar com brincadeiras na educação infantil está na possibilidade de transpor para um modelo divertido, uma ordem social carregada de símbolos e figuras culturais. O suporte para a vida oferecido pelo ato de brincar está cada vez mais fundamentado em uma lógica lúdica que cria um mundo subjetivo para reproduzir uma ordem objetiva e concreta para as crianças, possibilitando que elas possam entrar em contato com essa realidade de maneira gradual e no seu próprio tempo. Cada um lida com situações diferentes de maneira diferentes e por isso o uso das brincadeiras é tão relevante, pois elas consideram as limitações individuais e permitem que elas sejam trabalhadas dentro do seu próprio espaço. A proposta de brincar e promover a educação por meio das brincadeiras é uma inovação no ensino aprendizagem, tendo em vista o conservadorismo na educação visto, ainda hoje, em alguns modelos educacionais, que priorizam uma sala de aula morna e sem nenhuma interação das crianças com o seu meio.

Trabalhar o lúdico durante a infância pode proporcionar vários benefícios, sobretudo para a própria criança. Carvalho (1992) afirma que através das brincadeiras e dos jogos, as crianças podem desenvolver a sua identidade, se interagir com outras crianças e com adultos, criar laços afetivos e trabalhar a imaginação. Para Vygotsky (1998), o professor da educação infantil deve fazer o uso dos jogos, brincadeiras, histórias, para que de forma lúdica a criança possa sentir-se desafiada a pensar e resolver questões problemáticas criando caminhos próprios. Nesse sentido, brincar passa a ser também uma prática pedagógica. Sendo assim, no processo de ensino e aprendizagem, trabalhar o lúdico é fundamental para uma boa formação da criança, bem como a adesão dessas crianças nas atividades propostas.

Dessa maneira, durante uma brincadeira, a criança age de maneira subjetiva e se motiva de maneira muito sutil para desafios futuros.

[...] a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade. O brinquedo fornece estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos de vida real e motivações volitivas, tudo aparece no brinquedo, que se constitui no mais alto nível de desenvolvimento pré-escola. (VYGOTISKY, 1998, p-117).

Diante disso, é possível afirmar que o brincar é uma ferramenta fundamental na trajetória escolar de todo aluno, pois faz parte da vida da criança e quanto mais significativa for a brincadeira, maiores serão as possibilidades de ela instigar, promover o desenvolvimento, a curiosidade e a imaginação da criança. Para isso, é necessário que essa realidade seja entendida pelo professor tenha uma visão inovadora e transformadora da educação, para que ela atue cada vez mais como libertadora de mentes criativas e não como sepultadora de talentos.

REFERÊNCIAS:

CARVALHO, A. M. C. Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygostski: Aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio histórico. Ed; 4. São Paulo. Scipione,2000.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.


Tatiane Teixeira Alves é Socióloga, formada pela Universidade Católica de Minas Gerais. Pós graduada em Psicopedagogia Clínica, Educação Inclusiva e comunicação Assistiva pela Universidade Cândido Mendes . Sócia fundadora da Assistiva – Acompanhamento Educacional especializado que oferece o apoio pedagógico para pessoas com necessidades educacionais específicas, sob a premissa de que “Se uma criança não consegue aprender da maneira que está sendo ensinada, é preciso mudar o método de ensino para que ela aprenda”.

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