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SÍNDROME DE ASPERGER: AUTISMO LEVE OU NÃO?

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 4 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

Em fevereiro, mais precisamente dia 18, celebra-se o Dia Internacional da Síndrome de Asperger. A data foi encolhida por ser o dia de nascimento de Hans Asperger, médico austríaco que primeiro descreveu sobre um conjunto de características de um grupo de crianças que apresentava algo que a distinguia do autismo propriamente dito. Hoje, o DSM V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), não usa mais essa classificação diagnóstica. Pessoas com essas características estão enquadradas no Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Comumente traduzimos a síndrome de Asperger como Autismo leve. Existem três graus de severidades no autismo e o Asperger se inclui na menos grave (classificação atual do TEA: leve, moderado e severo).

Interessante ressaltar que o diagnostico é baseado em dificuldades significativas na interação e na comunicação. São observados padrões de comportamento clinicamente relevantes e geralmente estão associadas a grande sofrimento.

Vale lembrar que o termo COMUNICAR é mais amplo que falar. Compreende a expressão do pensamento nos gestos, nas emoções ... o fato é que, apesarem de serem verbais e terem a inteligência preservada, a pessoa com Síndrome de Asperger não é capaz de compreender o mundo. E o mundo é capaz de compreendê-la. E a pessoa com S.A tem pleno conhecimento disso.

Pesquisas apontam que cerca de 70% (setenta por cento) dos jovens Aspergers sofrem de Depressão. Mais que isso, tem associados a Sindrome transtornos de ansiedade, Defict de Atenção e Hiperatividade. Não tem “comportamentos sociais adequados”. Não mantêm o foco naquilo que não é do seu interesse (e o interesse geralmente é muito restrito). Têm dificuldades sensoriais com barulhos, texturas (são considerados “frescos” e, ou “mal criados) e muitas vezes isso desencadeia um desequilíbrio que é traduzido pelo corpo como crises, ou meltdowns. São os colapsos. Alguns ainda tem uma falta de destreza motora e são taxados de desengonçados, ou são lentos... Tudo isso junto faz com que sejam alvos constantes de piada.

Como tem pensamentos rígidos: não há meio certo e nem meio errado, e não se interessam por muita coisa, a convivência com os colegas costuma ser desastrosa. Principalmente no âmbito escolar. Raramente fazem amigos. São frequentemente excluídos das festas, dos grupos de whatsapp e dos encontros para o cinema. Mas ganham muitos apelidos pejorativos. Como tem a inteligência preservada, são negligenciados e tem o comportamento justificado pela frescura, má criação e pela falta de interesse. Não se faz trabalho de inclusão, nem de adaptação curricular e são criticados por não estudarem direito.

A literalidade do raciocínio faz com que o entendimento de determinado assunto seja precário. A dificuldade de manter o foco faz com que não consiga prestar atenção às aulas demasiadamente expositivas. Mas a culpa sempre é do aluno que não estudou ou da mãe que não cobrou. O esforço do SA nunca é considerado suficiente. Multiplicam-se as queixas como: Ele não presta atenção. Não copia a matéria do quadro. Não traz o material correto. Não faz todas as tarefas. Não tem capricho com a letra. Não se comporta adequadamente. Não participa das aulas...

A falta do diagnóstico correto, das terapias e do atendimento educacional adequado leva a criança e o jovem a uma altíssima baixa estima. Nada do que fazem é valorizado. São criticados e muitas vezes castigados por algo que independe da sua vontade. Como se sentem incapazes de mudar essa realidade, o resultado é que prática do suicídio é um pensamento comum entre eles.

A classificação LEVE no autismo está relacionada à capacidade de se desenvolver a autonomia. Pessoas com inteligência preservada precisam de menos suporte para as atividades da vida diária. Mas o diagnóstico de autismo é PESADO, qualquer que seja o quadro.

Por isso tão importante campanhas de conscientização. Instituir datas para que se lembre e se discuta sobre os problemas enfrentados no dia a dia. O meu entendimento sobre o tema influencia enormemente na qualidade de vida das pessoas no TEA. E sim, elas são capazes de superar todos esses obstáculos e terem uma vida plena e feliz. Depende de nós.



Cynthia Prata Abi-Habib

Cynthia Prata Abi-Habib é formada em Direito, Pós Graduada em Direito Educacional. Mãe de autista de alto funcionamento é membro e uma das fundadoras da AsaTea - MG (Associação da Síndrome de Asperger no Transtorno do Espectro do Autismo de Minas Gerais) e luta pela inclusão do jovem autista de alto funcionamento no ensino superior/profissionalizante e no mercado de trabalho através de ações de conscientização e eventos.

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