AOS CUIDADORES
- Tendência Inclusiva
- 6 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
A vida é delicada e precisa de atenção de todos os ângulos. Nesta coluna trato a respeito das dificuldades dos portadores de doenças raras, dignos de atenção, carinho e cuidado. Mas, e quem cuida? Aquele que oferece o seu tempo para manter a qualidade de vida, ou mesmo a sobrevivência? Em outros artigos falei sobre mães que trazem historias e mensagens de superação, mas o que não fazemos idéia é da necessidade e o extremo esforço físico e mental que essas pessoas empreendem para obter no mínimo um resultado satisfatório. Manter a vida daqueles que amam.
Como qualquer outro ser humano, essas pessoas têm suas fragilidades e necessidades, precisam também levar adiante sua vida cotidiana, sua saúde física e principalmente a mental e emocional. Cuidar de quem cuida é um ponto crucial para o tratamento, um tema delicado em todos os quesitos e qualquer esfera de tratamento de saúde. Afinal de contas, só se consegue cuidar do outro se estiver bem. Ao perguntar como geralmente elas fazem para se manterem firmes em sua luta, a maioria me afirmou que se apega à fé e à providência divina. Um fato inegável e inquestionável, pois a fé pode ultrapassar qualquer barreira. Mas venho através deste artigo levantar o seguinte questionamento: Será que somente a fé irá curar das feridas causadas em nossa mente e coração? Ao longo de tratamentos que submetem os pacientes e os cuidadores ao nível máximo de preocupação, existem distúrbios ocultos que levam as pessoas ao stress e a sobrecarga nos neurônios, que provocam ao longo do tempo mazelas na mente. Devido a isso, qualquer cuidado e atenção são necessários. Pois ao longo do tempo, essas doenças psicológicas, não raras, vão aparecendo silenciosamente no dia a dia.
Quero deixar claro que a sobrecarga do cuidador pode acarretar a sintomas psicológicos como (depressão, ansiedade, stress emocional etc). Quando não levado em consideração, pode acarretar a outras doenças psicológicas, até mesmo físicas, além da que já se encontra dentro do lar, no caso as doenças raras.
Existe uma síndrome que geralmente aparece aos profissionais de saúde, mas também pode ocorrer com os familiares de portadores de doenças raras, pois geralmente é duradouro e longínquo o tratamento. A Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico, sua principal característica é o estado de tensão emocional e stress crônicos provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. Os sintomas são: agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima, dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são comuns na Síndrome de Burnout.
Diante deste tema, quero enfatizar a necessidade do “tratamento” de quem cuida, pois também são pacientes, juntamente com a pessoa que possui a doença. Uma boa alimentação, atividades físicas, tratamento psicológico (tanto alternativo ou tradicional) são fatores importantes para manter o tratamento em pé e eficaz. Devemos levantar as esperanças, aumentar a capacidade do cuidador em atribuir um valor significativo à experiência de cuidar e se sentir confortável com as tarefas do cuidado. Com esse olhar mais aguçado, podemos favorecer a diminuição dos níveis de sobrecarga. Tornar a pessoa que cuida visível em sua existência humana, e não o contrário. Vamos pensar nisso. Quando tratamos de saúde, todo cuidado é pouco.
Abaixo algumas dicas de profissionais de saúde para o autocuidado:
1. Dedique um tempo para se observar. Medite.
2. Reflita: como você está se sentindo fisicamente (existe algum sintoma?), emocionalmente (está feliz, triste, apreensivo?), mentalmente (relaxado, estressado). Lembre-se que a definição de saúde é a sensação de bem estar físico, mental e social.
3. Pense sobre o que você pode fazer para melhorar algum sintoma. Mudança de hábitos.
4. Aprenda a dizer não sem culpa e a delegar funções. Nem sempre somos capazes de dar conta de tudo. Lembre-se que junto a gente pode chegar mais longe.
5. Tenha momentos de lazer, folga e distração.
6. Cuide dos 3 pilares básicos de saúde: alimentação, sono e corpo-mente.
7. Terapias Integrativas como massagem, yoga, meditação, terapia floral, reiki entre outras ajudam no processo de relaxamento e reequilíbrio funcional.
8. Não se automedique e nem consuma álcool ou outras drogas com a finalidade de resolver o problema.
9. Ame-se. Cuide-se!


Helen Dieb é formada em licenciatura de artes cênicas pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Mora em Brasília e trabalha como professora de artes, atriz, performer, cantora e compositora da capital.
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