top of page

DIA DOS NAMORADOS: O AMOR EM TODA SUA DIVERSIDADE.

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 11 de jun. de 2016
  • 6 min de leitura

Mário de Andrade dizia que o verbo amar era intransitivo. Já a norma culta da língua portuguesa diz que amar é um verbo transitivo direto, pois quem ama, ama alguém ou alguma coisa. Não podemos contestar o pensamento de um poeta, mas cá entre nós, gostoso mesmo é amar e ser correspondido. Não importa como são esses amores e seus protagonistas. Importante mesmo é ter corpo e coração aquecidos em dias frios e alguém que nos arranque sorrisos com as coisas mais tolas. Neste dia 12 de junho conversamos com alguns casais que têm características físicas distintas, mas em meio a todas as diferenças, provam que o amor não tem fronteiras e preconceito é uma grande bobagem.

“A gente sempre se encontra, e quero continuar te encontrando

e que você também continue me encontrando”


Davi e Rodrigo se conheceram em um aplicativo de relacionamentos. Deram match (quando os dois têm interesse comum) e no mesmo dia marcaram um encontro na Lapa, no Rio de Janeiro, local onde moram atualmente. Foram horas de uma conversa intensa e nada convencional para um primeiro encontro: política, atuação sindical, filhos, sexualidade, pansexualidade, ou seja, tudo o que poderia fazer um relacionamento fracassar sem ao menos começar ou fazer alguma das partes correr léguas, sem olhar para trás. Mas ninguém correu e já se vão quase três anos juntos.

Davi é pai de Lia e, às vezes, ela chama Rodrigo de pai. Davi não se importa, pois acha importante que a filha tenha outra referência paterna. Isso lhe dá segurança. Rodrigo cuida de Lia com todo carinho e atenção. Esse cuidado foi determinante para que o casamento acontecesse. Além de Lia o casal pretende ter mais filhos e Davi garante que Rodrigo será um ótimo pai.


No dia 12 de junho, o Davi e Rodrigo comemoram seu primeiro ano de casamento e para celebrar a data, Davi manda um recado especial para o marido: “ Muitas eternidades e várias certezas, mas eu sou o cara da dúvida, isso você sabe bem. E tenho várias a respeito do que estamos fazendo. Somos incapazes de manter a conta no azul, tropeçamos em nosso diálogo e ainda têm os bichos sonhos para o futuro: filhos, Deus! Como somos desorganizados, o caos! E na minha cabeça vira tudo um torvelinho e aí, bem aí, na dúvida, você me encontra e eu também te encontro e tudo fica suspenso, meio Inception, meio Gravidade, as coisas meio que se encaixam, mas sem se encaixar e... não tem problema. A gente sempre se encontra, e quero continuar te encontrando e que você também continue me encontrando, não sei por quanto tempo, não sei quantas vezes, não me importa, me importa o encontro.”

Rodrigo é menos falante, mas não menos intenso e também dá seu recado: Davi é um grande companheiro. Isso no sentido literal da palavra: COMPANHEIRO DE VIDA!”.

“Ele veio passar o feriado e nunca mais voltou”


A história de amor de Telma e Gil começou antes da era dos sites de relacionamento, quando as pessoas se encontravam para bater papo nos chats ou pelo ICQ. Telma começou a frequentar o chat do site “Entre Amigos”. Fez amizade com várias pessoas, a maioria de São Paulo, e foi lá que conheceu o Gil. Num primeiro momento ela não teve uma boa impressão dele. Parecia ser uma pessoa arrogante, cheio de si e metido a saber tudo.

Certo dia um amigo alertou a Telma que seu email estava com vírus e estava enviando mensagens para as pessoas. “Fiquei maluca! Aí apareceu o Gil para me dar a mesma notícia e junto com o Léo ficou me dando instruções para eliminar o vírus. Passamos uma tarde inteira! Depois disso começamos a nos falar mais no chat e no ICQ. Eu usava meu apelido, Teca, por isso ele até hoje me chama assim”, comenta.


Em dezembro o site estava completando um ano de existência e resolveram fazer um jantar comemorativo. Como a data coincidia com o recesso do trabalho de Telma, ela foi a São Paulo (na época morava em Belo Horizonte/MG) e ficou encantada pelo Gil. Ele chegou com uma braçada de rosas, distribuindo para todas as mulheres do grupo. “Eu o achei bonitinho e com um arzinho meio de menino desamparado, mas um homem muito decidido”, conta.

Após o encontro, eles voltaram à paquera virtual, falaram-se algumas vezes por telefone. “Um dia ele me mandou uma foto de um voo que ele fizera de Trike (asa delta com motor). Fiquei admirada e expressei meu desejo de experimentar. Ele disse que poderia me levar, que era perto de onde moravam os pais dele, no interior de São Paulo. Estava perto de minhas férias e eu decidi ir”, conta ansiosa. Ela iria encontrá-lo novamente, e sozinha.

Tudo correu perfeitamente e o namoro engatou. Porém havia a questão da distância os angustiava. Gil resolveu ir à a Belo Horizonte, conhecer também um pouco da vida de Telma. Isto foi numa Semana Santa, há dezesseis anos. Ele foi a BH passar o feriado e nunca mais voltou para São Paulo, a não ser para passear.

“O fato de sermos trans ajuda no apoio, compreensão e aceitação um do outro

e isso em uma relação é maravilhoso”


Tudo começou graças à ajuda de um amigo transexual que revelou a Ariadna que no shopping onde trabalhavam havia outras pessoas transexuais. Ela, que estava solteira, perguntou o nome de alguns delas e encontrou o Edric no Facebook.

Imediatamente Ariadna o adicionou e ambos começaram a conversar. Na mesma semana, ela passou na loja dele e simplesmente se encantou. Discreta, deu um sorriso e piscou para o crush. No mesmo dia, após o término de seu expediente, Edric foi à loja de Ariadna e os dois conversaram pessoalmente.

Não era momento de se perder tempo, e na mesma semana o casal se encontrou novamente. Durante a conversa eles se beijaram pela primeira vez. A partir daí iniciou-se uma nova relação, cheia de descobertas e sentimentos, já que ambos nunca tinham se relacionado com pessoas trans, e o fato de serem um casal transexual os fascinava.


Hoje a relação já dura nove meses. Eles moram juntos e estão planejando o casamento. Aguardam apenas a documentação com seus nomes retificados para oficializarem a união.

“O fato de sermos trans ajuda no apoio, compreensão e aceitação um do outro e isso em uma relação é maravilhoso, além de estar com alguém que nos enxerga da forma que verdadeiramente somos. Edric é meu porto seguro , minha calmaria e minha alegria, comenta Ariadna.

Para Ariadna Edric deixa o seguinte recado: “A cada dia que passa sou mais feliz, pois tenho você ao meu lado!”

“Você caiu do céu. Um anjo lindo que apareceu”


Adriana e Kleber se conheceram nos bares da vida antes do acidente de carro que a modelo sofreu. Ela era amiga de Denise, irmã dele, e juntas frequentavam alguns barzinhos para acompanhar seus namorados, que eram músicos. Kleber, sempre brincalhão e descontraído, fazia questão de marcar presença. Na primeira oportunidade que tinha chegava até Adriana e a cobria de elogios.

Na época não aconteceu nada concreto, mas algo ficou no ar. Ela jamais se esqueceu do garoto com os olhos mais claros que o mar. Ele também não se esqueceu da "morena de olhos negros amendoados e longos cabelos cacheados".


Após o acidente, ambos perderam o contato. Adriana se isolou do mundo e iniciou um processo de autoconhecimento e reconquista de sua autoestima, o que levou algum tempo. Nesse período ela sequer cogitava a possibilidade de relacionar-se com alguém. O tempo passou, Kleber se casou e ela teve outros relacionamentos.

Muitas coisas aconteceram e depois de tantos desencontros, ambos se acharam novamente no Orkut. Ele a convidou para sair e nesse encontro eles selaram com um beijo o momento que uniria suas vidas, provando que nada é por acaso.

Amigos e amantes fiéis construíram a família mais 'peludinha' que alguém pode ter. A música que embala o coração dos apaixonados diz:

"Você caiu do céu Um anjo lindo que apareceu Com olhos de cristal, me enfeitiçou Eu nunca vi nada igual..." Feliz Dia para os eternos Namorados!


Sílvio Carvalho é Formado em Tradução e Interpretação pelo Centro Universitário Ibero-Americano de São Paulo - SP. Tem curso Pós Graduação em Contação de Histórias. Trabalhou com mídias digitais na Editora Abril. Não se considera um repórter ou jornalista. Sua grande paixão é contar as histórias das pessoas.

Comments


© Copyright Tendência Inclusiva  2014 / 2021

bottom of page