SAIA DO CONGELADOR
- Tendência Inclusiva
- 5 de mai. de 2018
- 3 min de leitura
Conversando com um amigo nos veio a tônica dos motivos que levam as pessoas viverem de maneira morna ou gelada ao invés de vivenciarem mais intensidade e vitalidade em seus dias, ou seja, viver com mais “sangue nas veias e nos olhos”, com positividade e certa ousadia.
Fiquei a pensar em sua pergunta e me remeti aos jovens adultos que passam por mim e estão com dificuldades de enfrentar o mundo lá fora pelo medo de arriscar e de certa forma sair da sua “zona de proteção”. Mas, na verdade ele falava também daqueles mais amadurecidos, que mesmo com vivências significativas estão se fechando em seu casulo e sem alegria aparente.
O que nos leva a escolher uma vida com mornidão? Onde o sorriso é murcho, os olhares são secos, os abraços não se sustentam, pois são apenas ‘tapinhas’ nas costas e um tudo bem amarelado. Não existe vontade de fazer a diferença e o que vier está bom. Não há sentimento positivo e novos desafios para dar tônus a vida.
Temos que ter cuidado com a “síndrome da indiferença”, com essa tamanha falta de empatia que tem tomado conta do emocional de muitas pessoas, do “achismo” de que assim serei feliz porque ninguém me invade e vice-versa. Essa vertente tem suas ciladas e adoece gradualmente as emoções, pois somos seres humanos relacionais, claro que com suas limitações. E sabemos que enfrentar o mundo sozinho tem muitos complicadores e a insegurança se torna um monstro a nos engolir.
Não podemos generalizar e dizer o que é Felicidade; alguns pontos serão para alguns, mas não serão para outros. Mas, numa linha geral, sobre as emoções, podemos arriscar e dizer que VIVER com intensidade precisa ter cor e sabor; pois o nada, a indiferença, não atrai, não traduz, não reflete e não inspira ninguém.
Até mesmo quem se encontra adoecido em suas emoções no fundo no fundo grita pelo calor de um olhar que brilha e aqueça de alguma forma seu momento de dor. Este olhar não pode deixar de existir pois poderão vir doenças graves e até mesmo o autoextermínio que assombra muitas famílias.
A depressão, ansiedade generalizada e a desistência de si cresceram muito nos últimos tempos, antes não se ouvia falar como atualmente. A vida com suas exigências, o medo de errar, de ser criticado tem paralisado muita gente e gerado uma espécie de bolha chamada “indiferença”.
Como se fosse uma equação: Se não dou passos de ousadia não terei angustias, se não arriscar ficarei sempre na linha segura do “quase fui”. Ledo engano. A vida escorre pelo tempo. Sobram as frustrações.
Creio que possamos refletir e ajudar as pessoas a se tornarem mais autorais dos seus sonhos, da busca do prazer real, a vontade de arriscar mesmo com medo e de certa forma sair de uma vida morna, sem alegria, sem sentido. Tomar partido pela vida sempre será o melhor caminho.
Rir sem motivos, brincar com os momentos, sentir a paz que aquece é bem melhor do que o frio que congela os melhores sentimentos. Ainda continuo gostando do frio, mas não necessariamente nos sentimentos.


Angélica Falci é Psicóloga Clínica, Especialista em Saúde Mental/ Psicopedagogia. Foi gestora de Recursos Humanos na empresa SemeaRH, realizou atendimentos públicos na área de Saúde Mental e atualmente atende em clínica particular. Articulista de Revistas realiza seu trabalho em prol de um melhor trânsito a vida.
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