PARA QUE ESTE ENSAIO FOTOGRÁFICO?
- Tendência Inclusiva
- 16 de jul. de 2017
- 2 min de leitura
Desde que decidi ser parceira do ensaio fotográfico Retratos Inclusivos, com a fotógrafa paulista Kica de Castro para sua exposição em Belo Horizonte, tenho ouvido esta pergunta quase que diariamente: para que este ensaio?
Antes do ensaio, estas eram minhas respostas:
- Para mostrar ao público e ao mercado da moda que pessoas com deficiência ou fora dos padrões existem, consumem e necessitam de olhar especial.
- Para mostrar que não é meramente uma boa ação adaptar uma loja, uma casa de eventos, uma rua. É direito. Oferecer locais adaptados para experimentar roupas, ir ao banheiro, assinar cheque ou passar cartão de crédito é respeitar o cliente, e consequentemente movimentar o mercado. Um nicho ainda pouco percebido pelo comércio, em geral.
- Para fazer uma exposição destas fotos e mostrar que existem pessoas que também podem ser modelos. São indivíduos que têm expressão e vida além de sua cadeira de rodas, ou um estilo de vida diferente daquele que nos acostumamos diariamente.
Durante o ensaio, percebi novas razões:
- Para entrar num universo de empatia, de pequenas descobertas. De respeito ao corpo e à mente alheia.
- Para aprender a pedir: “Posso lhe calçar os sapatos? ” “Minha mão está lhe machucando? ”
- Para me sentir pequena lembrando da preguiça de sair da cama ao me deparar com uma senhora de 86 anos, bipolar e escritora, entregando os olhinhos espertos para a maquiadora, se deliciando entre rímel e sombras.
- Para observar faces se abrindo como um girassol, à medida que uma roupa bonita cobria seus corpos ou que um cacho de cabelo era solto pela cabeleireira.
- Para testemunhar a confiança que depositavam na Kica, a fotógrafa. Ali todas eram modelos, lindas modelos.
E por fim, novos motivos após o ensaio:
- Para ter uma vontade imensa de me reinventar. De dar adeus às armas do trabalho seguro e convencional.
- Para me rebelar com o convencional e cortar radicalmente os cabelos, como se cortam as raízes do preconceito e a certeza de que aos 61 eu recomeço, por amor e por ideal. Aos 61 me torno Odette Gonçalves Castro, tricoteira e Tendência Inclusiva.

Odette Castro Cabelos: Edina Padua/ Maquiagem: Fernanda Comelli Anel e Brinco: Heliana Lages / Dica de corte do cabelo: Miriam Lima
Locação: Casa Ateliê/ Foto: Kica de Castro

Odette Castro é designer de festas, mãe de Laura publicitária com 32 anos de idade e Beatriz com 28 anos que tem Síndrome Rubistein Taybi. Autora do livro Rubi, onde conta o cotidiano com as filhas, divulga a inclusão através das palavras em sua página FALE CERTO no facebook.
Commentaires