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COM QUE ROUPA EU VOU?

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 30 de abr. de 2017
  • 5 min de leitura

Essa pergunta é a mais frequente do que se imagina quando, pessoas com algum tipo de deficiência, vão sair de casa seja para um encontro casual ou uma ocasião especial.

Não é nada fácil achar uma que combine com o tipo físico e ocasião. O que para muitos podem ser uma tarefa fácil, para algumas pessoas com deficiência, por conta das limitações do movimento, o vestir e despir, muitas vezes são obstáculos a serem ultrapassados. Escolher o look certo, além de mexer com autoestima, também é uma forma de independência.

A moda deveria ser para todos e é baseado neste conceito que cada pessoa deveria ter acesso a seu estilo escolhendo peças de vestuário com mais facilidade. Por isso o surgimento da moda inclusiva.

Mas a moda inclusiva tem muitas nuances. Ao mesmo tempo que inclusão é conseguir encontrar, mesmo que no mercado tradicional, roupas que se adaptem ao seu corpo te fazendo sentir bela e ao mesmo tempo confortável é também ter oportunidade de escolher suas peças em empresas voltadas para moda adaptada. Porém poucas empresas investem neste nicho de mercado por não perceber que cerca de 24% da população que tem algum tipo de deficiência, algo em torno de 46 milhões de consumidores. Apontando esses números, esse pode ser um caminho de ótimos negócios. Além de lucrar, os empresários de roupas adaptadas podem melhorar e muito a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Alternativas como, trocar o botão por velcro, botões com imã, escolha de tecido, mas leve, costura para o lado externo, aberturas laterais e etiquetas em braille, são formas de tornar uma roupa acessível, para consumidores com algum tipo de deficiência.

As produções de peças são em pequenas quantidades, maioria disponibilizam em lojas virtuais, o que ajuda o consumo, visto que as lojas físicas, em grande maioria, ainda não possuem provadores adaptados. É preciso pesquisar caminhos econômicos, para não deixar o produto final com preço elevado, em comparação as roupas não adaptadas.

E adaptar roupa não é novidade para nós. Roupas para bebês é uma forma de adaptação, afinal elas facilitam muito o cuidador e os pais neste processo de vestir. O que deveria ser corriqueiro e fácil se torna complexo, pois além das roupas, os sapatos também estão carentes em adaptações.

O que deveria ser uma tendência na moda está esquecido pelas empresas que não investem em um nicho de mercado grande e promissor.


Modelo: Adriana Buzelin

Acessórios: Bigiteria - Gisele Bijoux

Foto: Alessandra Duarte

Eu escolho o look que vou?

Caroline Marques: mãe, modelo, nomeada a primeira miss Brasil cadeirante. Com 9 anos de idade, sofreu um acidente de carro, ficando paraplégica.

“Não atendo a campainha da minha casa, sem estar arrumada. O que vestimos é um pouco da nossa personalidade, afinal, o visual é o que vem primeiro, depois as nossas atitudes complementam, porém, não faça nenhum julgamento pela aparência, sem antes conhecer o conteúdo. Gosto de cuidar do meu visual em cada detalhe. Sempre estou bem comigo mesma, e a forma como estou vestida, transmite isso” – relata Caroline.

No guarda roupas de Caroline, de tudo tem um pouco, porém nada adaptado. Ela sempre vai às lojas para escolher os looks. Gosta de ver as vitrines e sempre de olho nas tendências da moda. A mesma aponta como problema, ausência de provadores adaptados. Em alguns casos, já chegou a comprar uma roupa que gostou muito, chamado “olhometro”, provou na residência, mas teve que voltar para trocar, por não ter ficado bem no corpo. Isso acaba sendo uma loteria, pois se não tiver outra numeração, de acordo com o tipo físico, ela acaba dando o look de presente para alguém da família ou amigas. Por encontrar tantas dificuldades, ela acabou comprando uma maquina de costura e muitos dos seus looks fashions, são feitos por ela mesma.


Caroline Marques, paraplégica, nomeada como a primeira Miss Brasil Cadeirante, reside em São Bernardo do Campo - SP. Sua sessão foi realizada na Expo Manequins, para mostrar os primeiros manequins adaptados pela marca Lado B Moda Inclusiva. Make UP: Andre Lima. Foto: Kica de Castro.

Paula Ferrari: fisioterapeuta, dançarina, atriz e modelo. Em 2012 teve uma infecção medular, mielite, usuária de cadeira de rodas para longas distâncias.

“Na hora de compor um look, sou básica, gosto de cores neutras, porém não abro mão do conforto que a roupa vai trazer, de estar bonita e passei a usar mais saltos altos.”

Abrindo o guarda roupa, peças adaptadas de marca, empresa de São Paulo, para ocasiões sociais. As demais, dia a dia, de marcas variadas e sem adaptações. Os looks são escolhidos: o que fica melhor na posição sentada, que não machuque, não marque muito o quadril e não fique pegando nas rodas da cadeira, principalmente na hora que esta em movimento.


Paula Ferrari, sequela de mielite, reside em São Paulo - Capital. Sessão realizada no estúdio Kica de Castro Fotografias para editorial da marca Fator Brasil. Make UP: Andre Lima. Foto: Kica de Castro.

Adriana Buzelin: colunista de revistas relacionadas a inclusão, editora chefe da Revista Digital Tendência Inclusiva, designer e, modelo. Sofreu um acidente automobilístico que a deixou tetraplégica rompendo sua carreira como modelo fotográfica.

"A moda inclusiva para mim só foi percebida quando comecei a usar uma cadeira de rodas e comecei a ter dificuldade com a acessibilidade das roupas. Sinto que é muito difícil escolher uma roupa que seja bela e ao mesmo tempo confortável."

Adriana acredita que as roupas adaptadas começam a ser vislumbradas por algumas empresas, porém ainda precisam ter um design mais arrojado, que não sejam apenas práticas, mas que seja fashion. Para ela se sentir bela, na moda e com estilo é necessário muito mais do que roupas apenas confortáveis. Em seu armário não se encontra roupas adaptadas mas se encontra facilmente roupas feitas por grifes em pequena escalas. São roupas com muitas rendas, elásticos, tecidos fluidos e fáceis de vestir.

Ela relata que não têm dificuldades somente as roupas, mas também com os calçados e os acessórios como bolsas que, muitas vezes, a esconde na cadeira de rodas devido ao tamanho ou mesmo por caírem do colo. Percebe que muita coisa precisa ser estudada para pessoas com deficiência tenham um amplo universo de vestuário para poder escolher.

"Para mim, se sentir bela e na moda e estar incluído na sociedade."


Adriana Buzelin, tetraplégica. Reside em Belo Horizonte - MG. A foto sessão fotográfica foi realizada no estúdio Cachaça Brava, ela veste Lu Henriques, acessórios Bigiteria - Gisele Bijoux. Make UP: Andre Lima. Foto Kica de Castro.

Texto de Adriana Buzelin baseado no texto de Kica de Castro, publicitária e fotógrafa. Tem uma agência de modelos exclusiva para profissionais com alguma deficiência, desde 2007.


Adriana Buzelin é editora, redatora e webdesigner da Tendência Inclusiva. Cursou Relações Públicas, Produção Editorial e Design Gráfico. Com alguns cursos na área de artes plásticas e história da arte foi premiada com sua obra denominada Favela pela Câmara dos Vereadores de Minas Gerais. Colunista colaboradora da Revista Reação e outras revistas do segmento. Produtora do Programa Viver Eficiente. Primeira mergulhadora adaptada registrada pela HSA/Brasil em seu estado. Modelo Inclusivo do casting da agência Kica de Castro. Representante da ONG Essas Mulheres e membro da Associação ASA TEA- MG. Coordenadora da Secretaria do PV Mulher de Minas Gerais e da Secretaria de Direitos Humanos e Diversidade do Partido Verde de Belo Horizonte. Adriana luta pela inclusão social, pela diversidade e pela aceitação das diferenças.

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