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PRAYER FOR THE DYING.

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 27 de mar. de 2017
  • 2 min de leitura

E o cansaço era tanto, o desespero era tanto, a desesperança imensa que não enxergava mais vida pela frente.

O sofrimento já se tornava insuportável, pois anos e anos se passavam me mostrando que aquela situação era para sempre. Era tão nítido que nunca mais eu seria a mesma, não mexeria mais meu corpo como antes, não ficaria mais momentos a sós comigo mesma, não andaria mais sozinha nas ruas, não tomaria mais banho de pé, enfim não andaria mais.

A ausência de movimentos nas mãos, a fraqueza dos braços, o desequilíbrio do tronco e a inércia de minhas pernas. Era nítido que nada seria como antes, era nítido que eu não voltaria a andar. E isso me doía muito, matava minha fé em algo maior, em Deus… matava minhas esperanças.

Já exausta de chorar, de procurar uma solução para o insolúvel, sentada em minha cadeira de rodas, uma Gazela da Ortobrás que ganhei quando sai do Hospital Sarah Kubitschek em Brasília, com um walkman no ouvindo ao som de Prayer For The Dying de Seal, eu permaneci cerca de 6 horas olhando o céu. Diante daquela janela que mostrava só um pouquinho do céu e o topo das folhas de uma bananeira, durante uma tarde toda, vendo o sol se pôr e a noite se anunciando, não havia mais luz, só escuridão.

Era decisiva, precisava ser. Minha cabeça rodava, minha mente estava confusa, minhas lágrimas salgadas caiam em meus lábios deixando minha boca seca. E com meus olhos ardendo eu permanecia completamente imóvel diante de tudo.

Cada hora que passava, mais escuro ficava. O cd inteiro do Seal se repetia e aquilo tinha que ter um fim.

De duas uma… de duas uma… de duas uma… Ou vivo e encaro essa limitação e o que vier pela frente ou paro aqui e começo a literalmente morrer.

Crazy! É preciso realmente ser louco querer para viver.”

Mas nós nunca vamos sobreviver, a menos que

Nós fiquemos um pouco loucos

Não, nós nunca vamos sobreviver, a menos que

Nós sejamos um pouco

Loucos - Dizia a música do Seal

Era realmente preciso ser um pouco louca para decidir por viver!

Texto extraído do livro Dois Mundos de Adriana Buzelin.


Foto: Leandro Ribeiro


Adriana Buzelin é editora, redatora e webdesigner da Tendência Inclusiva. Cursou Relações Públicas, Produção Editorial e Design Gráfico. Com alguns cursos na área de artes plásticas e história da arte foi premiada com sua obra denominada Favela pela Câmara dos Vereadores de Minas Gerais. Colunista colaboradora da Revista Reação e outras revistas do segmento. Produtora do Programa Viver Eficiente. Primeira mergulhadora adaptada registrada pela HSA/Brasil em seu estado. Modelo Inclusivo do casting da agência Kica de Castro. Representante da ONG Essas Mulheres e membro da Associação ASA TEA- MG. Coordenadora da Secretaria do PV Mulher de Minas Gerais e da Secretaria de Direitos Humanos e Diversidade do Partido Verde de Belo Horizonte. Adriana luta pela inclusão social, pela diversidade e pela aceitação das diferenças.

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