O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?
- Tendência Inclusiva
- 11 de jan. de 2017
- 3 min de leitura
Faz algum tempo que compreendo o significado das palavras diferença e a diversidade.
Desde muito pequena, em companhia de minha mãe, eu subia os morros das favelas - hoje chamados de aglomerados - visitando seus alunos e famílias. Ela, como professora do Estado de Minas Gerais ganhava uma "miséria" mas não desistia da vocação de ensinar e, na época, eu me perguntava para que ser professora, ganhar tão pouco para isto e não ser reconhecida em seu valor, jurando pra mim mesmo que nunca seria professora quando "crescesse".
Cresci... e não me tornei professora, aliás eu não sei ensinar nada, pois minha paciência é pouca e minha exigência é muito grande até comigo mesma. Cresci e, por muito tempo e já adulta, não sabia responder o que eu queria ser, porém me lembro bem, quando criança, que bastava me perguntar que minha resposta era: quero ser ascensorista!
Ascensorista?! É... eu, quando criança morei em prédios muito antigos, hoje até tombados como patrimônios históricos que tinham elevadores imensos com portas de ferro e de madeira maciça. Me encantava com aquele subir e descer, perguntando qual andar e com a mão na alavanca levando as pessoas onde elas desejavam (Freud explica).
Nas minhas idas as favelas, não haviam elevadores, mas escadas, muitos escadas e, como eu ainda não possuía nenhuma deficiência física, para mim era fácil e encantadora aquela escadaria imensa. Eram aquelas ruas estreitas, casas inacabadas e sem número, ruelas, enfim um labirinto que eu adorava explorar.
Lá, no meio destes labirintos, moravam pessoas, pessoas do bem que quase não desciam até a "cidade" mas quando desciam tinham tratamento bem diferente do que eu estava acostumada a ter comigo e minha família.
A desigualdade social estava escancarada mas meu olhar de criança não percebia. O preconceito era real mas eu não compreendia. As diferenças eram muito grandes mas eu não percebia o quão era realmente grande...
Cresci, não me tornei ascensorista, muito menos professora. Na adolescência fui muita coisa... modelo publicitário, secretária executiva, empresária de banda, dentre outras coisas. Passei no vestibular de Comunicação Social para Relações Públicas e me encantei pelo Marketing Político. Eu adorava mediar situações, fazia trabalhos de faculdade e, não fugindo da veia artística de minha família, pintava o rosto de preto e branco interpretando e exemplificando lados distintos. Não do bem e do mal, nem do certo e do errado, mas com a eterna convicção que tudo tem realmente dois lados.
E fui me apaixonando pela comunicação e suas nuances, com as suas interpretações. Fui me apaixonando pelas letras, por nossa história, pelas artes... por tanta coisa que nunca mais parei de estudar.
Vamos criar livros? Fiz Produção Editorial.
Vamos criar peças gráficas? Fiz Design Gráfico.
Vamos mostrar ao mundo o que penso e entender o que se passou? Fiz História da Arte e Escultura.
Me tornei um monte de coisa, inclusive artista plástica e ainda quero ser cantora. Me tornei muita coisa, mas o mais importante é que nessa grande viagem da vida, com percalços e vitórias, me tornei Adriana, com meus defeitos e qualidades, me tornei mais humana e aprendi a respeitar todas diferenças e a diversidade, afinal o mundo é diverso e cheio de nuances maravilhosas.
Mas, com tudo isso, hoje descobri no que me transformei quando cresci: uma pessoa idealista que deseja mudar o mundo.
Ah Cazuza! Pra que você foi escrever isto?!

Eu e minha obra denominada Favela
Foto: Alessandra Duarte

Adriana Buzelin é editora, redatora e webdesigner da Tendência Inclusiva. Cursou Relações Públicas, Produção Editorial e Design Gráfico. Com alguns cursos na área de artes plásticas e história da arte foi premiada com sua obra denominada Favela pela Câmara dos Vereadores de Minas Gerais. Colunista colaboradora da Revista Reação e outras revistas do segmento. Produtora do Programa Viver Eficiente. Primeira mergulhadora adaptada registrada pela HSA/Brasil em seu estado. Modelo Inclusivo do casting da agência Kica de Castro. Representante da ONG Essas Mulheres e membro da Associação ASA TEA- MG.Secretária da Secretaria de Direitos Humanos e Diversidade do Partido Verde de Belo Horizonte luta pela inclusão social e pela aceitação das diferenças.
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