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AOS CHAPECOENSES!

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 29 de dez. de 2016
  • 2 min de leitura

“A comovedora tragédia envolvendo a Chapecoense e as reações em cadeia de solidariedade humana por ela suscitadas proporcionaram ao mundo uma chance de reencontrar-se com sua essência humana.” (Antônio Luiz da Costa, educador)

Ah, a essência humana! Esta pela qual se ressente o mundo de não a rescender! O aroma de Deus, tão volátil como tudo que nos seja essencial, o invisível aos olhos. Tudo quanto nos afina e de nós transcende pela efetivação racional do justo, do belo e do bom. De outra feita, o bicho-homem, o predador que demanda pela deglutição de tudo quanto se ofereça à satisfação de seu apetite, vai continuar promovendo sacrifícios humanos. Metáfora necessária, bicho-homem é todo aquele que economiza gasolina apreçando o valor nenhum da vida alheia, alheio a tudo quanto não seja divinizado no culto dos incautos, o lucro. Cultos de todos os cultos reconhecem a sabedoria imanente na humanidade transcendente de nós e que de nós insistimos em manter alienada porque o Ser Humano é Deus, só Ele, misericordioso e providente.

A aparência que não atesta a essência nos tem chocado, seja tratarmos por excelências aqueles que já nem se importam em ser excelentes em nada, bastando o que podem importar. Sob os milhões roubados, outros milhões sufocados. Responsabilidade social, solidariedade, organizações que se constituem sem fins lucrativos, tudo pela experiência da riqueza interior, pela nobreza do espírito e coerência quanto à própria imagem e semelhança com Deus. Se à experiência prazerosa sempre anteceder a experiência dolorosa, a essência humana resvalará tarde e a noite, caindo como um viaduto, por sobre um bêbado ultrajando um luto, não nos lembrará Carlitos.

Então, os mártires chapecoenses e nosso martírio ante a dor deles terá sido em vão, senão tornarmo-los heróis nesta nossa saga de constituirmo-nos humanos, sendo. Todos os dias despenca-nos um avião e o Rio Doce nem voltou a fluir, represada a dor de um vilarejo inteiro, quando o belo horizonte, sob muita vileza, se compromete enquanto Belo Horizonte comemora 119 anos. Ser humano precisa ser humano. Nossa condenação e nossa única escapatória.

Ah, o ritual de passagem, o marco histórico de um novo tempo! É só preciso, agora, saber como fazer fogo porque calor humano tem esta fragilidade, ressente-se de temperaturas e temperamentos. E, cá para nós, estamos sob tempos tempestuosos.


imagem retirada da internet

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Maria Inês Chaves de Andrade é mestre em Ciências Jurídico-Internacionais pela Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa/Portugal; bolsista do DAAD na Ludwig-Maximilians Universität em Munique/Alemanha; doutora em Filosofia do Direito pela FDUFMG. Tem pós-graduação em Cinema pelo IEC/PUC. É autora na área de literatura jurídica, literatura infantil, romance e poesia. Vice-presidente da ONG “O Proação”, em Belo Horizonte, sob a convicção de que “ser humano precisa ser humano”, reconhece, no trabalho sem fins lucrativos - não caritativo, perceba-se - o germe ínsito de um capitalismo selvagem que rui a olhos vistos, sejam os lucros adstritos a valores sem preço e de desmedida de riquezas interiores, recursos humanos, verdadeiramente, dos quais já não nos podemos abster por abastança e necessidade.

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