POR AMOR!
- Tendência Inclusiva
- 27 de out. de 2016
- 2 min de leitura
A morte de um menino de 13 anos, que se enforcou durante a "brincadeira do desmaio" comoveu todo país.
Segundo o psicanalista Fábio Barbirata, especialista em transtornos na infância e adolescência, em entrevista ao Jornal O Globo, o episódio é um alerta para as famílias e diz ainda que: "Não existe respeitar a privacidade de um adolescente."
Mesmo profundamente triste com o ocorrido, confesso que a declaração do psiquiatra me livrou de uma culpa que nenhuma missa ou penitência foram capazes.
Os tempos eram outros. Celulares não faziam fotos e no telefone fixo era mais fácil controlar conversas, mesmo que trancada no quarto com sete amigas a sete chaves. Mas havia o diário. Cor de rosa, desenhado com corações. Muitos corações. Ele ficava sempre lá, na sua mesinha de cabeceira. E eu passava os olhos. Dia sim, dia também. As lágrimas dos amores eternos destruídos eram respeitadas e choradas junto. As aulas cabuladas, contornadas com sabedoria e astúcia.
Aquela amiga que o instinto materno dizia não, eu achava uma forma de mantê-la um pouco mais distante.
Portas abertas para os amigos, sempre. Festas, sempre. Liberdade, sempre. Mas meus olhos estavam atentos. Sempre!
O maior medo, talvez exagerado, eram drogas, bebidas e acidentes afinal não existe adolescente que não minta. É sintoma da idade. O desejo pela adrenalina do perigo, do oculto, do mistério. A transgressão...
E hoje, quando vejo você, os amigos e as amigas tão bonitos, felizes e bem sucedidos, eu me sinto sem culpa para dizer: Laura, mamãe lia seu diário.
Por amor.


Odette Castro é designer de festas, mãe de Laura publicitária com 32 anos de idade e Beatriz com 28 anos que tem Síndrome Rubistein Taybi. Autora do livro Rubi, onde conta o cotidiano com as filhas e divulga a inclusão através das palavras em sua página FALE CERTO no facebook.
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