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CARTA AOS ESTUPRADORES.

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 20 de out. de 2016
  • 3 min de leitura

Coronel da PM é preso em flagrante no Rio por estupro de menina de dois anos; promotor humilha menina de 14 anos, vítima de estupro no RS: “Vou me esforçar pra te ferrá”; STF recebe queixa de estupro contra Feliciano e envia a Janot; jovem sofre estupro coletivo no Rio; ex-médico é condenado por estuprar pacientes; uma mulher é estuprada a cada minuto no Brasil; estima-se que mais de meio milhão de mulheres, por ano, no Brasil sofram algum tipo de violência sexual; 42% dos homens acham que mulher que se dá ao respeito não é estuprada; 30% dos homens acha que a mulher que usa roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada; um em cada três brasileiros acredita que, nos casos de estupro, a culpa é da mulher; 33,3% da população brasileira acredita que a vítima de estupro é culpada... Chega!

Carta aos estupradores.

No cárcere que lhes projeta a vida, há um pavilhão só de vocês, os que restam apartados de homicidas e fatricidas porque, dentre os piores, vocês são o abjeto.

Sabem o que é macho? É o homem que domina a si mesmo.

Vocês são espúrias, submissos a esta natureza que os constrange porque sabem que são repugnantes. Nossos sexos a nós nos pertencem e a quem de nós nos quisermos dar. Vocês são patogênicos e parasitas agressivos, não predadores. Todos sabemos por diagnóstico o quão inseguros são. Meio machos, sabem? Machos de ocasião. Um degrau abaixo do bicho-homem. Aquele idiota que só parece que manda, mas na verdade é um frouxo. Precisa submeter, agredir, humilhar porque sem a resignação nem existe. Então, por favor, parem de se envergonhar como homens e ofenderem suas mães. Nenhum tipo de criminoso envergonha mais uma mãe senão vocês. Elas os limparam quando a porcaria ainda não se confundia com vocês mesmos. Que nojo sentem de sua própria prole, estas mulheres!

Façam-nos o favor. Recomponham sua dignidade e vão dar conta de ser machos de verdade porque senão, machos lhes farão fêmeas dado que é como dizem que os detentos vingam todas as mulheres. Há um submundo sob o submundo que o status que não controla e que tem seu próprio código ético.

Quem disse a vocês que a justiça não se cumpre?!

Às mulheres que defendem estupradores, um pedido especial. Pois, que percebam que a degenerescência de gosto não pode ser imputada como referência de paladar; que o estupro não é prazer que se impõe ou se ensina a apreciar, pelo que arranjem para vocês, particularmente, um pet-estuprador; que continuem cortejando estupradores em penitenciárias e sonhos, mas, nos poupem do desprazer de participar disso.

Aos compreensivos de plantão e aos que plantam incompreensões absurdas, relativamente a estupradores e vítimas, respectivamente, percebam que crime não é matéria para mero exercício de opinião, que o que vocês acham não sai da seara do desagradável e que em vocês encerra-se o ciclo do enojamento.

De toda forma, tenhamos coragem de saber que existem estupradores, e que são muitos, e que já um problema social grave. E enfrentemos a questão afora da narrativa, do artigo jornalístico, do exercício de opinião, da estatística, do achismo, da reportagem, porque haverá de ter solução, senão dissolução para esta “porra” toda. Desculpem-me o calão, mas é porque o tema me cala mesmo fundo.


imagem retirada da internet

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Maria Inês Chaves de Andrade é mestre em Ciências Jurídico-Internacionais pela Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa/Portugal; bolsista do DAAD na Ludwig-Maximilians Universität em Munique/Alemanha; doutora em Filosofia do Direito pela FDUFMG. Tem pós-graduação em Cinema pelo IEC/PUC. É autora na área de literatura jurídica, literatura infantil, romance e poesia. Vice-presidente da ONG “O Proação”, em Belo Horizonte, sob a convicção de que “ser humano precisa ser humano”, reconhece, no trabalho sem fins lucrativos - não caritativo, perceba-se - o germe ínsito de um capitalismo selvagem que rui a olhos vistos, sejam os lucros adstritos a valores sem preço e de desmedida de riquezas interiores, recursos humanos, verdadeiramente, dos quais já não nos podemos abster por abastança e necessidade.

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