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TODO DIA ERA DIA DE ÍNDIO

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 25 de abr. de 2016
  • 3 min de leitura

Descritos por Pero Vaz Caminha, fidalgo português escrivão oficial da armada de Pedro Álvares

Cabral, como “Pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhe, cobrisse suas vergonhas”, não se

sabe com exatidão o número de indígenas que habitavam o Brasil, mas estima-se que houvesse

entre 4 e 5 milhões de índios em terras brasileiras antes da chegada dos colonizadores na Ilha de

Vera Cruz, como foram chamadas, num primeiro momento, as terras às quais aportou a frota de

Cabral em 1500. Número esse que foi drasticamente reduzido em consequência dos massacres

realizados pelos colonizadores e, posteriormente, pelos decorrentes conflitos com gananciosos

fazendeiros e garimpeiros que violentamente invadem e se apropriam das terras indígenas.

Segundo a FUNAI (Fundação Nacional do Índio – A FUNAI é o órgão indigenista oficial do Estado

brasileiro), o recente Censo Demográfico IBGE/2010 contabilizou 896.917 pessoas que se

declararam ou consideram indígenas sendo que destas, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em

áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país.

Preocupante também é a extinção das línguas indígenas no que diz respeito à preservação dessa

cultura. Segundo David Crystal em seu livro "A Revolução da Linguagem”, línguas morrem, o que

é natural, mas preocupante mesmo, é a velocidade da perda que está se fazendo sem

precedentes na história escrita, decretando morte prematura, um glotocídio anunciado. Para ele,

uma língua começa a desaparecer quando seus falantes são expulsos de suas terras ou quando a

comunidade, por essa e por outras razões, perde o desejo de preservá-la. E uma língua morre

quando o penúltimo falante desaparece, pois então o último já não tem mais ninguém com quem

conversar. O Brasil já perdeu mais de 1.100 línguas indígenas em 500 anos e os índices são

alarmantes se considerarmos o número de falantes, pois metade das poucas línguas

sobreviventes conta com menos de 500 representantes. Policarpo Quaresma, famoso

personagem de Lima Barreto, em O Triste Fim de Policarpo Quaresma, no auge do seu

nacionalismo chegou até a pedir ao Congresso Nacional para decretar o tupi-guarani como língua

oficial da nação brasileira: ”Em vista destas considerações, o requerente, Policarpo Quaresma,

usando do direito que lhe confere a Constituição vem pedir que o Congresso Nacional, decrete o

idioma indígena tupi-guarani como língua oficial do povo brasileiro.”


imagem retirada da internet

Celebrado aqui no Brasil no dia 19 de abril, o Dia do Índio foi criado em 1943 pelo presidente

Getúlio Vargas em virtude do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano que aconteceu no

México em 1940 e contou com a participação de diversas autoridades governamentais dos países

da América e de vários líderes indígenas deste continente que não compareceram nos primeiros

dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos pois os índios há séculos estavam sendo

perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”. No entanto, após algumas reuniões

e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância

daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido,

no continente americano, como o Dia do Índio. A significativa data comemorativa serve para

lembrar e reforçar a identidade do povo indígena brasileiro e americano na história e cultura atual

uma vez que, a ganância e crueldade humana fizeram com que muitas tribos fossem totalmente

dizimadas e grande parte da cultura indígena foi esquecida. Na tentativa de preservar as tradições

e identidade dos indígenas, o Dia do Índio surgiu portanto com o importante intuito de não deixar

as novas gerações esquecerem das verdadeiras raízes que formam o povo brasileiro.

Considerando que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em

1500, se torna essencial a realização de políticas públicas direcionadas à proteção do índio que

invasões às suas terras por parte de fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, posseiros, entre

outros que pretendem realizar a exploração econômica no local. Respeitar e preservar as

comunidades e tradições culturais indígenas são ações mais que necessárias para o índio seja

lembrado todos os dias, e não somente no dia 19 de abril (Dia Nacional do Índio).

Ivone de Oliveira (Gata de Rodas)

Revisão: Sílvio Carvalho

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