AS RODAS DEVEM ANDAR ACIMA DE NOSSAS CABEÇAS?
- Tendência Inclusiva
- 11 de mai. de 2016
- 2 min de leitura
“Nossa! Já são 14:40 horas? Passei 40 minutos do meu horário de saída, preciso ir pra casa, estou cansada e preciso ainda para ir ao mercado.”
Assim o fiz, passei o meu ponto e vinha rodando pela rua, porque não temos calçadas decentes para transitarmos em segurança, quando aconteceu algo que iria mudar todos os meus planos naquele dia e nos próximos 90 dias, cai da minha cadeira de rodas, devido a um buraco no asfalto em meio a tantos que minha cidade tem.
“Meus Deus, cai em um lugar que passo várias vezes ao dia e fraturei meu joelho esquerdo, quanta dor!!!”
E foi dessa forma que sofri o meu primeiro acidente, causando-me transtornos pessoais, familiares, profissionais incalculáveis, tudo porque a cidade não é planejada, não tem acessibilidade para nada, calçadas desiguais sem fiscalização, sem responsabilidade nenhuma do Poder Público. Passou da hora de termos uma discussão de alto nível em questões de acessibilidade em nossas calçadas, haja vista que são nelas que devemos transitar em segurança.
O descaso do Poder Público em fiscalizar as calçadas, em promover audiências públicas com seus Secretários e munícipes para que haja um consenso no formato que deverá ter nossa cidade, porque afinal moramos nela e merecemos um lugar digno para construir nossas vidas, criar nossas famílias. Porém o que vivenciamos são cidades crescendo desordenadamente, prefeitos se beneficiando dos cofres públicos, descaso com a população, como se fossemos seus subalternos e sem merecimento de qualidade de vida.
Acessibilidade é um Direito Humano que nos é negado todos os dias, prejudicando muito mais pessoas que imaginamos, sem esta garantia de direito as pessoas que necessitam não conseguem trabalhar ganhando seu sustento, não vão ao médico, ficando mais doentes ou se machucando, gastando mais dinheiro na saúde e dos cofres públicos, sem gastos no mercado consumidor.
Olhando por este ângulo, realmente é falta de percepção que a sociedade tem, principalmente o Poder Público em não nos dar o que é nosso direito, somos 45 milhões de pessoas com deficiência, fora a família que é um número expressivo, trabalhamos, gastamos bem, excelentes consumidores sendo cerceados de sair por ai em liberdade e segurança.
Sociedade conservadora que tem o pensamento, postura de nos enxergar como coitados ou pessoinhas sem futuro, deve ser instruída, municiada com informações para que a acessibilidade atitudinal deve ser uma prática constante, porque a partir do momento que somos aceitos como somos, com nossas especificidades, se colocando dentro do problema do outro, dos seus sentimentos, há um divisor de águas e quebra de paradigmas e será feito a união pelos mesmos ideais e valores sociais.
Cabe a nós também nos posicionar a respeito, fazer valer nossos direitos e modificando a nossa cidade dentro do Desenho Universal, porque tudo começa onde cada um de nós moramos.
Até nosso próximo encontro!!!
Marcia Gori
Revisão: Sílvio Carvalho

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