MATERNIDADE E DEFICIÊNCIA
- Tendência Inclusiva
- 2 de mar. de 2016
- 2 min de leitura
A maternidade é sempre um grande desafio para o casal, em especial para a mulher, que carrega, por meses, seu “filhote” na barriga e vê o seu corpo modificado, dia após dia, por esse processo chamado gestação.
Mas, e para a mulher com deficiência? Será mesmo que o nosso desafio é ainda maior? A deficiência de alguma forma influi nesse processo e na decisão de engravidar?
Pois bem, para escrever a coluna deste mês, conversei com duas mães: a Vânia, 32 anos, que tem sequela de paralisia cerebral e uma filha linda de 5 anos e a Regina, 40 anos, que tem deficiência visual e um casal de meninos que aprontam todas em casa!
Para Vânia, a maternidade aconteceu de forma inesperada. Ela e o marido ainda estavam namorando quando a cegonha chegou com Manuela, hoje com 5 anos.
“No momento foi um susto! Mas ficamos muito felizes com a notícia. Em nenhum momento pensei na minha deficiência como um desafio, isso para mim é algo normal, nasci assim, não me vejo de outra forma e com a chegada da maternidade não foi diferente”.
Vânia conta ainda que sua filha se diverte com sua dificuldade em caminhar. Ela corre pela casa e sempre diz em tom de brincadeira: A mamãe não me pega!”
Para Regina, a maternidade trouxe as melhores experiências de sua vida e mostrou que as crianças convivem muito melhor com a diversidade do que os adultos e que tem certeza que seus filhos farão a diferença no mundo. “Rafa e Daniel são crianças especiais. Eles me fizeram ter mais esperança em um mundo melhor! Os amiguinhos, quando visitam nossa casa sempre fazem perguntas e não encaram a deficiência como algo ruim, apenas como algo diferente”.
A mãe coruja ainda conta que, certa vez, Rafa estava com os amigos em casa e ele a chamou para vê-los jogar videogame na sala. Curioso com a situação, um dos garotos questionou: “Sua mãe consegue ver a televisão?” E Rafa, com a simplicidade e pureza de uma criança, respondeu: “Ela não vê assim, igual a gente. Ela vê ouvindo”.
Orgulhosa com o desprendimento do filho, Regina completa: “Acredito que, mesmo sem terem consciência disso, eles contribuem para mudar a visão das pessoas com deficiência na sociedade”.
Será que, mesmo após ter lido esses depoimentos, você ainda vai achar que a deficiência é um desafio ou um obstáculo a mais para a vivência da maternidade?
É certo que algumas deficiências podem exigir alguma adaptação ou até mesmo algum auxílio para os cuidados iniciais com o bebê. Mas ser mãe é algo muito maior do que apenas trocar fraldas, dar banho e realizar os demais cuidados.
Ser mãe é participar do crescimento, é educar e estar presente na vida da criança. É ser parte transformadora e formadora do caráter de um ser humano que pode, aos poucos, mudar uma sociedade.
Paula Ferrari
Revisão: Sílvio Carvalho

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