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A ARTE E SEU PODER DE DEIXAR TUDO DE RODAS PRO AR!

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 25 de set. de 2015
  • 4 min de leitura

A dança veio na vida dessa turma para colocar tudo de cabeça para baixo. Na companhia, comandada por Clayton Alves Brasil, não há limites físicos. A arte não é representada apenas por gestos simples ou movimentos de vai e vem das cadeiras. Como o próprio nome sugere, os dançarinos fazem diferentes movimentos coreográficos, baseados em técnicas de malabares, balé clássico e dança contemporânea, aliados a movimentos de improvisação.

É certo que as artes exercem um fascínio inexplicável na humanidade. Através delas, podemos expor nossos sentimentos e os pensamentos mais íntimos, alguns até mesmo desconhecidos. As manifestações artísticas são capazes de nos fazer transcender e podem mudar o rumo de nossa história.

O prazer de dançar tem efeito transformador e terapêutico na vida das pessoas que participam do projeto de Rodas Para o Ar. O grupo é bem diversificado, há pessoas com vários tipos de deficiências como: paralisia cerebral, amputados e mielomelingocele. Segundo Clayton, todos dançam, de sua maneira, e, o mais importante, se sentem realizados. “Todas as pessoas que participam deixam claro a mudança que a dança fez na vida delas. Elas sentem prazer em dançar, independente do passo. Minha intenção não é apenas fazer movimentos. Sabemos que a deficiência traz limitações e, muitas vezes, realizar um passo é tarefa difícil, mas a gente se empenha. Às vezes, reproduzo um movimento junto com a pessoa e isso faz com que ela se sinta realizada. Em alguns momentos, alguém me questiona o fato de não ter conseguido fazer um movimento igual ao meu e eu a oriento. Não se cobre tanto, apenas sinta a música. Essa é a grande sacada e é muito forte”.

O poder da dança é tão transformador que até pessoas com depressão, quando se abrem para a arte mudam sua forma de ver a vida. “A cada término de oficina ouço muitos depoimentos positivos das pessoas. Muitas vezes, elas só querem alguém que acredite em seu potencial e isso as transforma, melhora sua autoestima e a forma com que elas veem o mundo”.

Leda Maria, dançarina da Cia De Rodas Para o Ar, tem Mielomelingocele e anda de cadeira de rodas. Para ela a dança é algo libertador. “Sempre gostei muito de dançar, pois a dança me faz sentir livre para voar com minha cadeira”. Leda decidiu encarar o desafio há dois anos e segundo ela, o amor pela dança mudou sua vida. “Hoje sou mais feliz e me sinto realizada. Esse projeto está mostrando que nós, pessoas com deficiência, somos capazes de dançar qualquer ritmo. O professor Clayton nos transmite segurança e aprendi muito com ele nesses últimos dois anos”, conta Leda.

Maythe, que também é dançarina, tem um grande depoimento de transformação, por intermédio da arte. “Sou outra pessoa, antes eu era mais fechada, hoje estou mais aberta. A dança é minha vida”, conta orgulhosa.

Todo o trabalho da Cia é desenvolvido com o foco no prazer e na experimentação de sensações, como a sensação de ficar de ponta cabeça ou de ser erguido por outra pessoa. Para Clayton, o mais importante não é a forma de dançar e sim, ensinar os alunos a se abrirem para as emoções para que possam sentir o que ele mesmo sentiu quando teve seu primeiro contato com a dança. “Quero que se sintam transformados como me senti. Cada aula é diferente. Na Cia, todos veem a dança como algo mágico. Não me preocupo apenas com a parte técnica da dança, quero fazer com que as pessoas expressem suas emoções através dela”.

O clima dos ensaios é muito acolhedor e familiar. O pai de uma garota que teve paralisia cerebral faz um trabalho inspirador junto com a Cia de Rodas pro Ar. Longh é artista plástico e palhaço. Ele entrou no projeto para dar um pouco mais de cor e enquanto os dançarinos se apresentam, ele pinta telas. Seu projeto, chamado D Eficiente prova que as pessoas com deficiência são muito capazes de realizar diversas coisas e as realizam com qualidade.

Clayton ainda está estudando alguns caminhos a seguir, sempre se baseando na experimentação. Assim, ele pode contemplar todos os tipos de deficiências, sem excluir ninguém. “Todos que chegam a Cia podem dançar. Quero desmistificar essa coisa de que a dança tem que seguir padrões para ter beleza. A beleza está nas diferenças. Não concordo com a palavra inclusão. Quando usamos esse termo, estamos, automaticamente, dizendo que algo está fora dos padrões e que precisa ser incluído. Não acho que isso seja verdadeiro. Cada um é de um jeito e tem seu canto no mundo, que é feito por diferentes tipos de pessoas”.

Sílvio Carvalho


A dança é um desafio. Pessoas com deficiência, ao ver alguém que acredita em seu potencial,

acaba se transformando. Há uma melhora na autoestima.



De rodas pro ar: colocar uma cadeira de ponta cabeça


Eles ficam de rodas para o ar. Dançar apenas na cadeira, fazendo vai e vem não é o suficiente. Inclusive eles sugeriram, vamos fazer malabares. Eles não estão acomodados. A dança, as aulas e a criatividade está ligada ao interesse do grupo em inovar, fazer algo diferente e superar limitações.


Nossa dança é movida por sensações.

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