top of page

A DIFERENÇA TEM SUA BELEZA E ELES VIERAM PARA PROVAR ISSO!

  • Foto do escritor: Tendência Inclusiva
    Tendência Inclusiva
  • 25 de ago. de 2015
  • 6 min de leitura

Modelos da agência Kica de Castro abrem o coração e falam abertamente sobre aceitação, sexualidade e as dificuldades que enfrentam no mercado de Moda Inclusiva no Brasil.

Eles estão quebrando paradigmas por ondem passam. Dificuldades e medos existem, mas não foram capazes de fazê-los parar. Ao contrário, as barreiras apenas serviram para que eles pudessem se reinventar e ver que também existe beleza nas diferenças. Há uma grande variedade de cores entre o azul e o branco e, para se formar o arco íris, são necessárias 7 delas, todas diferentes entre si, mas que juntas, formam umas das mais belos fenômenos da natureza.

Conheça a trajetória de 5 modelos de sucesso.

Deborah Fontenele

Deborah Fontenele vivia com os avós e teve uma adolescência tranquila até os 16 anos, quando contraiu Mielite Cervical Transversa e teve que reaprender a viver em uma cadeira de rodas. Para uma adolescente feliz, que sempre praticou esporte, e gostava de dançar a readaptação, foi muito complicada. “Tive muita dificuldade em aceitar a deficiência. Não ter nascido com ela”. Mas Deborah é muito determinada e adora estudar. É também muito alegre e não perdeu a vontade de viver.

Sua carreira de modelo começou quando Kica de Castro foi a Goiânia - cidade onde vive - realizar um evento de Moda Inclusiva. Deborah participou do processo e foi selecionada. Depois desse desfile surgiram novas oportunidades e uma delas foi fazer parte do Casting da agência Kica de Castro.

“Sou muito vaidosa e gosto bastante de elogios. Lido bem com as pessoas que me olham com indiferença. Não ligo para isso! Para elas saio, literalmente, rodando!” Com um sorriso no rosto e muita vontade de ser feliz, Deborah vai superando as dificuldades. Uma delas é a falta de acessibilidade em sua cidade: buracos nas calçadas, rampas mal planejadas, banheiros não adaptados. Em relação ao mercado de trabalho ela também desabafa: “As empresas são muito resistentes em contratar pessoas com deficiência e isso tem que mudar!”


Foto que fez parte da exposição, "Eu não sou o que me falta",

organizado pela SEMIRA - Goiás, com curadoria de Flávia Cruvinel.

Foto: Kica de Castro

Adriana Buzelin

"Um dia, por pura vaidade, comecei a tirar fotos e descobri que havia beleza nelas. Atitude e muita vontade de mostrar que o diferente também pode ser considerado belo. Iniciei uma trajetória de ensaios fotográficos".

Adriana Buzelin é o exemplo clássico de alguém que superou as dificuldades e fez, de todas elas, oportunidades para redesenhar uma trajetória de sucesso.

Ela, que sempre esteve envolvida com o mundo da moda, não deixou que o acidente, que a colocou em uma cadeira de rodas, tirasse seu brilho e sua determinação. Ao contrário, depois do acidente, Adriana se dedicou ainda mais aos estudos. Estudou Design Gráfico, fez cursos voltados às Artes Plásticas e História da Arte. "Sempre estive inserida no universo da moda. Já atuava como modelo publicitário antes do acidente, porém acreditei que nunca mais seria possível voltar a ser modelo", relembra.

Mais uma vez, a vida, que é cheia de surpresas, preparou um novo caminho para a modelo. Sem grandes pretensões Adriana posou para algumas fotos e descobriu que a beleza ainda continuava lá, no mesmo lugar, esperando apenas uma oportunidade para despontar. A partir daí, iniciou uma nova trajetória de ensaios fotográficos. Procurou de uma agência que a pudesse inserir, novamente no mercado de trabalho e, em 2015, após alguns anos de busca, a modelo descobriu a agência de Kica de Castro.

Foram anos de batalha, mas Adriana Buzelin venceu a barreira do preconceito e da desinformação.

"No início, eu me incomodava muito com os olhares e comentários das pessoas. Eram sempre lamentos sobre minha nova condição física. Ouvia muitas pessoas dizerem que eu era bonita demais para estar em uma cadeira de rodas. Tinham pena, sentiam-se incomodadas e me transmitiam a sensação de incapacidade". Atualmente, após descobrir que a cadeira de rodas é apenas uma ferramenta de locomoção, a modelo mineira percebeu que sua sensualidade e beleza não dependiam do fato de estar sentada ou em pé: "Passei a me enxergar com novos olhos. Reconquistei minha autoestima, comecei a perceber beleza onde não havia prestado atenção e fiz da minha cadeira de rodas um acessório de moda".


Make: André Lima

Roupas: Lu Henriques

Acessórios: Gisele Bijoux

Foto: Kica da Castro

Caroline Marques

Caroline Marques, 33 anos, mãe e modelo profissional, foi nomeada, em outubro de 2014, a primeira Miss Cadeirante Brasileira. Aos nove anos de idade, em uma viagem com a família, sofreu um acidente de carro, que levou seu pai e a deixou em estado grave por três meses. Caroline fraturou a coluna vertebral e ficou paraplégica. Teve que aprender a viver em cima de uma cadeira de rodas.

Na infância, a Miss fazia balé e sonhava em ser modelo. Era alta, magra e tinha um futuro promissor.

"Quando crescer vou ser modelo, vou dançar", mas aconteceu o acidente e tudo acabou. Meu sonho não será mais realizado". Mas, Carol não é do tipo que se deixa abater. Seguiu em frente com alegria, namorou, estudou e hoje está realizando seus sonhos.

Tudo começou quando uma amiga a convidou para fechar o desfile da marca Góoc. De imediato, um frio lhe passou por todo o corpo, mas ela foi firme e encarou o desafio. O resultado não podia ser melhor. A aceitação do público foi muito positiva. “Todos levantaram e me aplaudiram, fiquei em estado de choque, de tanta emoção”.

Foi neste dia que Caroline ficou sabendo do trabalho que Kica de Castro vinha desenvolvendo com pessoas com deficiência. Lilian Dalaza, uma das modelos da agência inclusiva, a convidou para conhecer o trabalho. Ela aceitou o convite, conversou com Kica e passou por inúmeros testes. “A Kica é bastante exigente com os modelos”, conta. Vencidas todas as etapas, Carol ingressou no Casting e fez trabalhos publicitários, propagandas, editorias. Ela também apresenta um programa de TV e foi eleita Miss Brasil Cadeirante em 2014.


Bastidores do Programa Viver Eficiente da TV Cidade Osasco.

Foto: Kica da Castro

Thiago Cenjor

Thiago nasceu em Santo André, no ABC Paulista, mas vivia em São Bernardo quando foi sofreu uma tentativa de assalto. O ano era 2001. Thiago estava em sua moto e, sem que pudesse esboçar qualquer reação, levou um tiro, que causou uma lesão medular irreversível.

Mas a vida não parava por aí. Com o acidente, Thiago teve que dar início a uma outra jornada. “Iniciei uma nova vida de conquistas e aprendizados tanto para mim, quanto para muitas outras pessoas. Muitas delas, nem conheço, mas estão a minha volta”.

Em 2004, foi, novamente, vítima da violência das grandes cidades. “Estava com meu carro na época e o assaltante mandou que eu descesse. Sem que desse tempo de explicar que eu era cadeirante, tomei outro tiro, desta vez no rosto. A bala saiu na nuca. Fiquei 1 dia no hospital. Falam que sou sortudo. Eu corrijo e digo que sou sim, abençoado!”.

Formado em Química em 2007, atuou nove anos no ramo e hoje tem um escritório de Representação Comercial em Acessibilidade. Ninguém melhor do que ele para falar sobre o assunto. Além de empresário, é piloto automobilístico e de Kart Adaptado, participando de vários campeonatos. É bicampeão paulista (2009/2010) e campeão brasileiro (2012). Além da velocidade, Thiago também tem paixão pela canoagem e foi Medalha de Prata no Pan-Americano de Canoagem, no Rio de Janeiro, em 2012.

Em meados de 2007, ouvindo rádio, ficou sabendo do trabalho de Kica de Castro. Ela estava dando uma entrevista sobre Moda Inclusiva e Thiago se interessou. “Entrei em contato com a Kica e fui até sua agência. Realizamos uma foto e fui aprovado. Trabalho até hoje com ela. Lá eu sou muito feliz, pois me ajudou em minha recuperação”.

Após tantas adversidades, Thiago faz um balanço de sua vida e o saldo é positivo: “Tenho uma vida maravilhosa, amigos que estão me apoiando e um Deus que me ama muito. Com isso tudo, tenho uma vida quase perfeita. Consigo transformar toda e qualquer dificuldade num aprendizado de vida. Só minhas pernas não funcionam. Minha cabeça e meu coração funcionam normalmente e até bem melhor que antes”.


Bastidores do 2º Premio Catarinense de Moda Inclusiva.

Foto: Kica da Castro

Paula Ferrari

Um dos maiores desejos de Paula Ferrari, 31 anos, é mostrar à sociedade que todas as pessoas têm sua beleza e merecem uma posição de igualdade em todas as esferas. Formada em fisioterapia pela Universidade Nove de Julho e especializada em reabilitação neurológica pela Santa Casa e AACD, de São Paulo, em 2008, ela desenvolvia um importante trabalho como pesquisadora e educadora na área de sexualidade de pessoas com deficiência. Na época, usava fotos de Kica de Castro nas palestras e cursos que ministrava. Em 2012, contraiu uma infecção medular, que resultou em uma dificuldade de coordenação dos membros inferiores, comprometendo a locomoção. Foi quando a fotógrafa a convidou para uma parceria diferente. A fisioterapeuta, que chamava atenção por sua beleza, passaria a atuar como modelo. Ela fez alguns testes e foi aprovada. "O trabalho como modelo me ajudou muito com relação à autoestima, imagem corporal e veio em um momento perfeito na minha vida, em que precisava mesmo dar um 'up'", comenta.

Hoje, Paula Ferrari divide seu tempo entre as passarelas e o trabalho de aceitação que faz com os pacientes com deficiência. "Hoje vejo que tudo aquilo que falava nas aulas e cursos sobre sexualidade fazem sentido e precisam ser cada vez mais difundidos na reabilitação".


Catálogo da marca Fator Brasil

Make: Andre Lima

Foto: Kica da Castro

Comments


© Copyright Tendência Inclusiva  2014 / 2021

bottom of page